segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Whole 30


E lá vou eu de novo experimentar restrições alimentares em busca de autoconhecimento e reflexão, dessa vez sem partir somente da minha cabeça e seguindo a metodologia do livro que deu nome a esse post. Como fiz nos meus meses sem açúcar, ia esperar acabar o período de restrição para vir ponderar minhas reflexões. Estou hoje no dia 23 da desintoxicação - e já estou borbulhando de impressões e surpresas que quero compartilhar com vocês. Porém antes de iniciar minha futuramente tradicional listinha de aprendizados quero falar mais sobre esse tal Whole 30.

O programa (como os gringos gostam de chamar esse processo) busca 30 dias de uma alimentação natural, saudável e livre de potenciais inflamatórios que atrapalham a vida de muita gente. Depois desse período, há uma reintrodução gradual, grupo a grupo, dos alimentos que foram restritos no mês de dieta. A ideia é mapear de forma empírica exatamente quais sintomas são causados por quais alimentos, sintomas esses que muitas vezes passam despercebidos ou que não associamos com nossa alimentação - e que são amplificados após um longo período de 'detox' em que tudo vai bem com nosso organismo. E ao final de tudo, você ficará muito mais tranquilo para decidir se não comer aquele queijo/massa/chocolate apetitoso na sua frente faz sentido para você ou não.

"Ah, mas tem um exame de sangue que diz isso". Sim, é verdade, por uma não-tão-módica quantia (que eu saiba, mas sinta-se livre para corrigir) é possível fazer um exame que vai dizer a quais alimentos você tem intolerância. Mas não vai te dizer se essa intolerância vai vir na forma de piriri, de acne, de inchaço, de cansaço ou de tudo junto. E muito provavelmente você vai ter mais de um alimento prejudicial. Então o que fazer com os resultados? Cortar permanentemente cebola da sua vida, complicando sua ida a restaurantes e casas de outrém sem nem saber o que diabos ela te faz de mal? Testar ficar sem ela e julgar no meio de tantos outros incômodos se ela te atrapalha? Lógico, cada um sabe de si e isso pode funcionar muito bem para algumas pessoas. Mas para a minha realidade, de constante queixa de pequenos incômodos digestivos, de pele, alergias respiratórias e bocejos - porém sem nenhum sintoma grave a ponto de preocupar meus médicos - o formato do whole 30 pareceu cair como uma luva.

Whole 30. Eita nome chatinho de pronunciar. Podiam muito bem ter traduzido, mas como? Não tenho boas sugestões, porque aqui entendo que a palavra whole tem duas funções. A primeira, no sentido de inteiro, trata da importância de se cumprir o programa em toda a extensão prevista, sem fraquejar. Mas não deixo de achar que existe uma segunda, no sentido de integral, palavra tão associada a uma boa alimentação. Interpretação um tanto irônica se você pensar que grãos, mesmo integrais, são considerados potenciais inflamatórios (o que não quer dizer que eles façam mal para você necessariamente) e portanto excluídos do programa. Talvez a palavra que estou buscando não seja integral, mas íntegro, ou talvez eu me veja de volta a inteiro, por que aqui vamos sempre preferir escolher alimentos que são em si ingredientes. Tomate em vez de molho de tomate. Oleaginosas em vez de barrinhas de 'nuts'. E se você quiser comprar um alimento processado, vai ter que ler o rótulo, que deverá se adaptar inteiramente às regras do programa, sem exceções.

Parando de tergiversar: quais são as regras do tal whole 30?
  1. Nada de açúcar adicionado - nem mel, nem karo, nem maple syrup. Essa condição serve para cortar o ciclo vicioso de estar sempre buscando por comida, fora os males causados pelo açúcar em si. O programa também corta adoçantes, que aparentemente mais atrapalham que ajudam (eu nunca fui fã deles mesmo...).  
  2.  Sem álcool - não precisa explicar muito. Além do que já sabemos, cortar o álcool ajuda a ficar na linha ao longo dos 30 dias.
  3. Nada de cereais - trigo (ou seja, pão, macarrão, pizza, empanados em geral...), aveia, milho, arroz (mesmo integral), quinoa estão fora. "Quinoa?? Como se faz dieta sem quinoa??"
  4. Sem leguminosas (não confundir com legumes!) - desesperadora essa aqui. Nada de feijão (amo), soja (sem shoyu ou missoshiro), ervilhas, lentilhas... e amendoim! Pois é, amendoim é mais primo da soja e da lentilha que da amêndoa e das castanhas... Mas só para esclarecer de novo, cenoura, batata, batata doce, berinjela, abobrinha, tomate etc podem e devem fazer parte da alimentação do whole 30.
  5. Sem laticínios - imagino que esse seja o maior fator de desistências. Ficar sem queijo. Nada de versões sem lactose, não é só isso que eles pretendem cortar.
"Mas isso é maluquice! O que você come então?"
Fiquem tranquilos, estou me alimentando bem, e de quebra aprimorando minhas habilidades na cozinha.

Macarrão de Abobrinha com Fraldinha Grelhada
Moqueca da mamãe com batata doce e salada :)
Carne moída incrementada com cogumelos paris, azeitonas e linguicinhas e batatas cozidas (viraram 'ao murro' depois)
Café da manhã preferido: ovos poché, manga e avelãs

Ou seja: as regras assustam, mas não é uma dieta maluca em busca de perda de peso rápida - embora ficar longe de doces e massas dê uma ajudinha no shape (mesmo comendo batata inglesa!). Estou dormindo melhor, com mais energia e sem passar fome. E aprendendo muito sobre meu organismo no caminho.

"Mas você come de três em três horas? Tem porções específicas para cada grupo alimentar? Pode comer batata todo dia?" Não precisa sofrer com nada disso. As regras inflexíveis são as cinco lá de cima. Comeu um amendoim no dia 20, tem que recomeçar do zero. De resto, vai da sua disposição. O livro vai dar opinião em tudo, mas sempre com a ressalva de que cada um é cada um.

Agora é só completar mais oito dias (contando hoje) sem fraquejar - e semana que vem estou de volta para dar pitacos sobre meus 30 dias :)

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