Desde a nossa
road trip pelo oeste americano tenho vontade de vir aqui escrever sobre a experiência de dirigir no exterior. Mas como ainda estou devendo 99% dos posts daquela viagem, vou falar sobre pegar estrada na França antes mesmo de contar a experiência americana.
Como contei no
post do roteiro do Vale do Loire, alugamos o carro no aeroporto internacional mesmo (Roissy CDG) e passeamos na região dos castelos para depois devolver o carro em Paris. Não pretendo entrar em detalhes dessa burocra, mas se você tiver alguma curiosidade sobre o processo de locação pode deixar sua pergunta nos comentários!
Depois da experiência positiva nos EUA, decidimos que além de alguns mapas impressos (feitos no Google Maps mesmo) nosso GPS seria o aplicativo de celular Waze (
link para o site oficial aqui), conectado via 3G por um chip francês comprado numa lojinha do aeroporto. Isso nos garantiu um trajeto bem tranquilo, quase sem nos perdermos.
Também planejamos o número de dias na região com uma certa folga, o que permitiu a gente curtir a estrada e as cidadezinhas em que esbarrávamos sem muita correria.
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Casinha fofíssima na cidadezinha de Santeny |
Em alguns momentos estacionamos o carro para curtir o entorno, detalhezinhos das cidades de interior que os franceses chamam de "la campagne" (o campo).
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Casinhas parecidas |
Dirigir na França nos surpreendeu com algumas particularidades.
Um dos destaques positivos foi a educação dos motoristas na estrada, praticamente todos dirigindo à direita exceto no momento da ultrapassagem. ATENÇÃO: o mesmo não vale para o entorno de Paris! Direção extremamente agressiva na entrada e dentro da capital.
Outro ponto que facilitava nossa vida era a quantidade enoooooooorme de rotatórias, que fez a gente até brincar que estava de saco cheio de ouvir o GPS falando do próximo "Rond Point" (pronuncia-se rõn puãn), mas que era muito mais tranquilo de se achar sabendo que a saída era a segunda da rotatória.
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Direção tranquila no Peugeotzinho à beira do Loire |
Nem tudo eram flores entretanto e alguns pontos exigiram nossa atenção.
Uma delas é até bem previsível - no país do torneio de ciclismo mais famoso do mundo, é bem comum encontrar esses esportistas na estrada, muitas vezes bem ousados, em trechos apertados e de difícil ultrapassagem.
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Ceda a passagem - Ciclistas treinando pro Tour de France (ou não, sei lá) |
Outro ponto que nos assustou foi a pouca quantidade de placas indicativas da velocidade máxima, ainda mais se comparar com os extremamente sinalizados EUA. É bom dar uma estudada antes de ir, pois para o cidadão francês já é meio subentendido que:
- nas principais Autoroutes (aquelas nomeadas com A, tipo A6, A19...) o limite é 130 km/h
- nas estradas de mão dupla com separação (por uma mureta ou algo assim) entre as mãos o limite é 110 km/h
- estradas sem separação são a 90 km/h
- dentro das cidades o limite é 50 km/h,
- também vimos o limite cair para 30 km/h próximo a escolas etc. ou aumentar para 70 km/h em outros trechos.
POR FAVOR me corrijam se eu tiver falado besteira.
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Placa de limite de velocidade - momento raro da viagem |
O mais tenso disso era quando encontrávamos um radar e não sabíamos qual era o limite.
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Na dúvida andamos a 22 km/h dentro dessa cidade fofa, pelo menos não levamos multa |
Uma pausa aqui para falar que essa cidade (Ligny le Ribault) parecia de brinquedo :)
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Olha que fofura |
Uma das sinalizações que os franceses devem considerar suficientes são os indicativos de entrada e saída da cidade, para você automaticamente associar que pode passar de 50 km/h para 70 km/h ou sei lá como funciona isso direito.
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Placa indicando que saímos de Ligny le Ribault na estrada D 61 - o limite de velocidade está subentendido |
Outra surpresa foi o sistema de pedágio, que se revelou bem inteligente no final.
Nas estradas que pegamos, a taxa era calculada em função da distância percorrida na rodovia. Assim, havia duas cabines de pedágio, como num estacionamento de shopping:
- uma na entrada, em que você aperta um botão e recebe um cartão e
- outra na saída, em que você insere o cartão e a máquina te diz quanto você deve em função de qual acesso de entrada e saída você pegou.
Ao passar na primeira cabine nos assustamos achando que sem querer tínhamos passado sem pagar! Mas depois entendemos o sistema e nos tranquilizamos.
Não tivemos problemas para pagar o pedágio com cartão de crédito, embora eu não saiba dizer se todas bandeiras são aceitas. Mas também não há empecilho em pagar em espécie, sejam notas ou moedas.
Atenção: as vias marcadas com uma letra
t laranja são para quem tem
télépéage - dispositivo de pagamento de pedágio via ondas captadas por uma antena, como os nossos Via Fácil, Passe Expresso e outros. Veja animação demonstrativa
no site autoroutes.fr.
Depois que deduzimos essas particularidades, foi só apreciar a paisagem: árvores e flores lindas da primavera, alguns trechos ainda com árvores sem folhas (se recuperando do inverno), animaizinhos, rios, castelos e cidades fofas.
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Tons de rosa nas árvores que beiram a estrada da cidadezinha |
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Árvores exuberantes na floresta de acesso a Chambord |
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Resquícios invernais sob um céu de primavera |
Fizemos amizades com uns bovinos peludos no caminho (alguém sabe que bichinhos são esses?).
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Muuu |
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Tchau, amiguinhos |
O trecho da estrada que era à beira do Loire foi especialmente agradável, pela linda vista do rio e por castelos aleatórios que apareciam em nosso caminho.
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Wherever you're going, i'm going your way |
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Castelo não identificado à beira do Loire |
Por estarmos em uma época em que o anoitecer acontecia pelas 20h30, tínhamos a vantagem de apreciar a luz de fim de tarde na estrada, após o fim das visitas dos castelos.
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Noite ensolarada |
Por fim, não poderia deixar de falar dos campos de Colza (planta responsável pela produção de óleo de canola).
Se no verão da Provence ficamos apaixonados pelos campos de Girassol e Lavanda, na região do Loire na primavera eram os mares amarelos das flores de Colza que alegravam nosso passeio.
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Sabe quando a paisagem parece fundo de tela automático do Windows? |
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Colza em fast forward |
Perturbei o Be para saltarmos e fotografarmos, mas era difícil encontrar local que desse pra encostar o carro e que fosse perto o suficiente dos campos para fotos legais.
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Momento 1 de sair do carro para ver os campos |
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Momento 2 de sair do carro para ver os campos - sol forte na cara |
Mas era na beira das rodovias que os campos atingiam sua beleza extrema. Ponto alto de pegar a estrada!
Vontade de dirigir sem rumo.
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Retrovisor amarelado |